O tabelamento do preço mínimo para o transporte rodoviário de cargas está causando desajustes nos preços internos dos cereais e provocando um aumento no volume de importação desses produtos. Entre julho e agosto, o País importou cerca de 278 mil toneladas de cereais do Paraguai, um volume que representa um aumento de 46% em relação à compra no mesmo período do ano passado.
De acordo com Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, de Curitiba, as compras externas de cereais deveriam estar em baixa nessa época do ano, devido também à alta do dólar. No entanto, o baixo preço do frete no Paraguai colabora para que os brasileiros prefiram a importação. “O mercado se reinventa e sempre vai achar uma saída para essas situações impostas”, comenta.
Dentre os produtos mais importados estão o arroz e o milho, beneficiando principalmente os produtores de São Paulo e Minas Gerais que, no caso específico do arroz, além do frete menor pagam menos imposto na circulação interna das mercadorias. No entanto, o analista diz que este é o cereal que mais preocupa, já que a tendência é de que os preços internos subam bastante nos próximos dias.
Nesse cenário, o aumento dos preços do arroz deve chegar ao bolso do consumidor e também devem impactar negativamente a inflação. Isso porque a alta do dólar não dificulta a importação e facilita as exportações, tornando o cereal brasileiro mais atrativo no exterior exatamente quando se inicia a entressafra e a oferta está mais escassa.
Com o valor atual do dólar, o arroz está sendo vendido no porto de Rio Grande (RS) pelo valor de R$ 50,00 por saca, o que poderá causar um efeito cascata no estado, já que os preços internos variam de R$ 43 a R$ 45 atualmente.